terça-feira, 8 de novembro de 2022

Novas Tecnologias e Dilemas Éticos: Inteligência Artificial, Genética e a Ética do Aprimoramento Humano (livro)

O desenvolvimento tecnológico recente vem ocorrendo num ritmo tão intenso, e as consequências para a sociedade são tão complexas, que é difícil avaliar todas as implicações envolvidas. Este livro examina três tecnologias que transformarão nossas vidas nos próximos anos: a inteligência artificial, a biotecnologia, e o aprimoramento humano. Muitas reportagens publicadas nos jornais agora são escritas por robôs, mas o leitor mal se dá conta disso. Sofisticados algoritmos já são utilizados para gerar textos acadêmicos, úteis para pesquisadores e estudantes, mas que permitem também novos tipos de fraude que vão muito além do plágio. CRISPR (uma ferramenta para engenharia genética) oferece a possibilidade de cura para vários tipos de doenças, mas representa também uma ameaça para a saúde das futuras gerações. Uma nova técnica de reprodução assistida, conhecida como "in vitro gametogenesis", pode permitir, nas próximas décadas, que homens produzam óvulos e mulheres produzam espermatozoides, contribuindo para uma transformação radical de ideias como maternidade, paternidade e família.

Mas como nos orientarmos nesse labirinto de novidades tecnológicas e desafios morais? Este livro explora, de modo claro e acessível, a literatura científica recente sobre esses temas. A ideia é permitir que leitores e leitoras compreendam os dilemas morais que novas tecnologias representam e tirem suas próprias conclusões sobre as questões abordadas.

[ Editora Kotter ]
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© Como citar este livro:
Araujo, Marcelo de (2022) Novas Tecnologias e Dilemas Éticos: Inteligência Artificial, Genética e a Ética do Aprimoramento Humano. Curitiba: Kotter. ISBN 978-6553611078.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Climate change and pandemics: feasibility constraints on mitigation and adaptation (capítulo / 2022)

The COVID pandemic required states to overcome several soft constraints that also stand in the way of effective climate action. This suggests that, contrary to a common line of thought in the climate debate, effective actions to address climate change are feasible. 

Yet two particularly robust soft constraints remain. They can be shown to be most significant for climate mitigation and less relevant for pandemic and climate adaptation policies. We call them “geopolitical constraints” and “proximity constraints”. The latter divide into spatial and temporal proximity constraints. We argue that states might, indeed, succeed in addressing geopolitical constraints on effective climate action. But temporal proximity constraint remains a robust constraint on long-term global climate policies. This partly explains why climate mitigation policies have been less than successful. 

The chapter shows that the more a policy requires strong international cooperation and strong transgenerational cooperation for the benefit of future generations, the harder it is to address the relevant constraints. We argue that overcoming temporal proximity constraints requires primarily changes in institutional design, both at domestic and international levels, rather than changes in human psychology.


© Como citar este artigo:
Araujo, M. de and Meyer, L.H. (2022) "Climate change and pandemics: Feasibility constraints on mitigation and adaptation". In E. Schulev-Steindl et al. (eds) Climate Change, Responsibility and Liability. Baden-Baden: Nomos (volume 1), pp. 41–74

Esta pesquisa conta com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

"The ethics of genetic cognitive enhancement: Gene editing or embryo selection?" (capítulo / 2021)

Recent research with human embryos, in different parts of the world, has sparked a new debate on the ethics of genetic human enhancement. This debate, however, has mainly focused on gene-editing technologies, especially CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats). Less attention has been given to the prospect of pursuing genetic human enhancement by means of IVF (In Vitro Fertilisation) in conjunction with in vitro gametogenesis, genome-wide association studies, and embryo selection. This article examines the different ethical implications of the quest for cognitive enhancement by means of gene-editing on the one hand, and embryo selection on the other. 

The article focuses on the ethics of cognitive enhancement by means of embryo selection, as this technology is more likely to become commercially available before cognitive enhancement by means of gene-editing. This article argues that the philosophical debate on the ethics of enhancement should take into consideration public attitudes to research on human genomics and human enhancement technologies. The article discusses, then, some of the recent findings of the SIENNA Project, which in 2019 conducted a survey on public attitudes to human genomics and human enhancement technologies in 11 countries (France, Germany, Greece, the Netherlands, Poland, Spain, Sweden, Brazil, South Africa, South Korea, and United States).

[ PDF ]

© Como citar este artigo:

Araujo, Marcelo de. 2021. "The ethics of genetic cognitive enhancement: Gene editing or embryo selection?" In Human Enhancement Technologies and Our Merger with Machines. Barfield, Woodrow; Blodgett-Ford, Sayoko (ed.). Basel: MDPI, pp. 61–79.

Esta pesquisa conta com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

Die COVID-19-Pandemie und der Klimawandel. Ein Essay über weiche Restriktionen und globale Risiken (capítulo de livro / 2022)

O surgimento do novo Coronavírus (SARS-CoV-2) em 2019 levou a uma grande crise global, pois os Estados e sociedades civis de todo o mundo tiveram que tomar medidas drásticas para conter a propagação de uma nova doença (COVID-19). Por outro lado, apesar de numerosas evidências de que mudanças climáticas não mitigadas terão consequências devastadoras para a humanidade nas próximas décadas – consequências que provavelmente serão ainda piores do que as causadas pela pandemia – governos e sociedades civis se mostraram bem menos empenhados em tomar medidas eficazes para lidar com as mudanças climáticas. 

Este ensaio examina essa questão e traça uma distinção entre "restrições rígidas" (hard constraints) e "restrições brandas" (soft constraints), que são conceitos usados ​​em algumas publicações filosóficas recentes sobre "exequibilidade política" (political feasibility em inglês). Sustentamos neste artigo que "restrições estruturais" e "restrições de proximidade temporal" devem ser incluídas no debate sobre mudanças climáticas e pandemias. Essas restrições podem muito bem representar os principais obstáculos para a implementação de políticas de mitigação e de adaptação, tanto no que se refere a pandemias como a mudanças climáticas. 

[ este livro ]
[ PDF do capítulo]

© Como citar este artigo:
Meyer, L.H.; Araujo, M. de (2022) "Die COVID-19-Pandemie und der Klimawandel. Ein Essay über weiche Restriktionen und globale Risiken", in L. Emerique, V. Berner, and M. Dalmau (eds) Pés no Presente e Olhos no Futuro: Reflexões sobre Direitos Humanos, Democracia e desenhos Institucionais. São Paulo: Tirant Lo Blanch, pp. 228–238.

Esta pesquisa conta com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

Epistemology goes AI: A study of GPT-3’s capacity to generate consistent and coherent ordered sets of propositions on a single-input-multiple-outputs basis (non-peer-reviewed article / 2022)

 The more we rely on digital assistants, online search engines, and AI systems to revise our system of beliefs and increase our body of knowledge, the less we are able to resort to some independent criterion, unrelated to further digital tools, in order to asses the epistemic quality of the outputs delivered by digital systems. This raises some important questions to epistemology in general, and pressing question to applied to epistemology in particular. 

In this paper, we propose an experimental method for the assessment of GPT-3’s capacity to generate consistent and, as the case may be, coherent sets of outputs. While much attention has been given to GPT-3’s capacity to produce internally coherent individual outputs, we argue, instead, that more attention should be given to its capacity to produce consistent and coherent outputs generated on a single-input-multiple-outputs basis.

[ PDF ]

© Como citar este artigo: 
Araujo, Marcelo de; Almeida, Guilherme F. C. F.; Nunes, José Luiz (2022) "Epistemology goes AI: A study of GPT-3’s capacity to generate consistent and coherent ordered sets of propositions on single-input-multiple-outputs basis" (August 30, 2022). SSRN: https://ssrn.com/abstract=4204178 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.4204178

Esta pesquisa conta com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

domingo, 24 de julho de 2022

Adolf Reinach e o conceito de “atos sociais”: Uma análise do §3 de "Os Fundamentos a priori do Direito Civil" (vídeo / 2022)

No século XX, a filosofia da linguagem se tornou uma importante ferramenta para a investigação de diversas questões filosóficas relevantes, inclusive a investigação acerca da natureza do direito. Nesta apresentação sobre a filosofia do direito de Adolf Reinach – morto aos 34 anos em meio à Primeira Guerra Mundial – meu objetivo foi submeter à discussão a tese inversa, a saber: a de que a filosofia do direito, ela própria, pode constituir também o ponto de partida para a discussão de importantes questões de filosofia da linguagem. 

Na obra Os Fundamentos a priori do Direito Civil, de 1913, Reinach começa com uma investigação de filosofia do direito e acaba por elucidar também, de modo bastante original, várias questões relativas ao conceito de "atos de fala", a que Reinach se refere como "atos sociais". 

A relevância da filosofia do direito de Reinach para a filosofia da linguagem permanece ainda hoje relativamente desconhecida, especialmente no Brasil, mesmo considerando que, nos últimos anos, as contribuições originais de Reinach venham atraindo cada vez mais atenção de pesquisadoras e pesquisadoras tanto no âmbito filosofia do direito como no da filosofia analítica da linguagem.


[ vídeo ]
[ esquema com roteiro da apresentação ]

© Como citar esta apresentação:
Araujo, Marcelo de, "Adolf Reinach e o conceito de 'atos sociais': Uma análise do §3 de Os Fundamentos a priori do Direito Civil". Workshop de Filosofia do Direito, promovida pelo Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica (PPGLM) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 15 de julho de 2022. Disponível em: 
https://youtu.be/3tDboONaajA (duração do vídeo 01:50:15).

Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Ética pandêmica e reponsabilidade coletiva: impedir, mitigar, e adaptar-se (vídeo / 2022)

Nesta palestra eu examino algumas semelhanças e diferenças entre políticas públicas para se enfrentar pandemias e políticas públicas para se enfrentar as mudanças climáticas. 

Eu sugiro que a ética pandêmica deve emergir nos próximos anos como um campo de investigação filosófica relativamente autônomo no âmbito da ética aplicada, exatamente como ocorreu com a ética climática e a neuroética há cerca de vinte anos. Eu discuto também alguns conceitos-chave como "mitigação ante-factum" e "mitigação post-factum" e proponho ainda uma estrutura metodológica básica que pode se mostrar promissora no estabelecimento da ética pandêmica como um campo de investigação próprio no âmbito da ética aplicada. 

Agradeço a Fernando Oliveira pelo convite para a realização dessa palestra. Essa pesquisa teve início em 2020 através da iniciativa CAPES-PrInt, que permitiu ao Prof. Lukas Meyer (Universidade de Graz, Áustria) visitar o Programa de Pós-Graduação da UFRJ para realização de um curso sobre ética climática. Essa pesquisa contou também com o apoio do CNPq e da FAPERJ.

[ vídeo da palestra ]

[ Power Point ]

[ artigo completo sobre "Ética pandêmica" ]

© Como citar esta apresentação:
Araujo, Marcelo de, "Ética pandêmica e reponsabilidade coletiva: impedir, mitigar, e adaptar-se". Terceira semana acadêmica do curso de Filosofia EAD da UFPEL Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), 6 de junho de 2021. Disponível em https://youtu.be/LfBB_PnYNBU.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Césio-137, Coronavírus, e a perspectiva das vítimas: Uma comparação sistemática entre duas crises que abalaram o sistema de saúde pública no Brasil (1987 e 2020) (capítulo de livro / 2022)

O césio-137 e o coronavírus estão no epicentro das piores crises na área de saúde pública pelas quais já passou o Brasil. O primeiro causou, em 1987, em Goiânia, o maior desastre radiológico de que se tem notícia até hoje; o segundo, só em 2020, custou a vida de quase 200 mil brasileiros e brasileiras. 

Mas a despeito de todas as semelhanças entre uma catástrofe e a outra, parece não ter havido muita discussão sobre como a experiência adquirida na gestão da primeira crise poderia ser relevante para a elaboração de estratégias eficazes para a gestão da segunda, inclusive com vistas à elaboração de medidas para prevenir futuras crises semelhantes na área da saúde. A comparação entre uma crise e a outra, como pretendo mostrar aqui, é bastante significativa no que concerne à quantidade de semelhanças relevantes.

[ PDF ]

© Como citar este capítulo de livro:
Araujo, Marcelo de (2022) "Césio-137, Coronavírus, e a perspectiva das vítimas: Uma comparação sistemática entre duas crises que abalaram o sistema de saúde pública no Brasil (1987 e 2020)". In Biodireito e Direitos Humanos. Loureiro, Claudia; Garcia, Maria (org.). Curitiba: Instituto Memória, pp. 235-258. (ISBN: 978-85-5523-455-2).

Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

O que é a ética do aprimoramento humano (vídeo / 2021)

Medicamentos e procedimentos médicos costumam ser usados para tratar doenças, mas eles podem também ser usados na busca por "aprimoramento humano" (human enhancement, em inglês), ou seja na tentativa de proporcionar às pessoas um tipo de desempenho físico ou cognitivo superior àquele considerado normal. 

Quais são então as implicações éticas e sociais da busca pelo aprimoramento físico ou cognitivo de seres humanos por meio de medicamentos e de técnicas resultantes de avanços nos âmbitos das neurociências e da biotecnologia? Essa é a questão de que me ocupo nessa apresentação. 


© Como citar esta apresentação:
Araujo, Marcelo de, "O que é a ética do aprimoramento humano?". Bioética & Inovação. Palestra para o Programa de Mestrado em Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 15 de setembro de 2021. Disponível em: https://youtu.be/nlGKwikl280.  

Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).

quinta-feira, 2 de junho de 2022

A ética do aprimoramento cognitivo genético: Edição genética ou seleção de embriões? (vídeo / 2020)

Nesta apresentação, eu examino algumas implicações éticas da busca por aprimoramento cognitivo por meio de duas técnicas que envolvem o uso de biotecnologias: a edição genômica e a seleção de embriões humanos. Nenhuma dessas técnicas está disponível para uso, mas a simples possibilidade de que elas possam vir a ser oferecidas ao público no futuro já vem despertando um grande debate ético.

Eu proponho que o debate filosófico contemporâneo sobre o aprimoramento cognitivo genético deve levar em consideração as atitudes do público relativamente às novas tecnologias. Eu destaco alguns resultados da pesquisa realizada pelo Projeto SIENNA acerca das atitudes que as pessoas têm em relação a novas tecnologias em 11 diferentes países: França, Alemanha, Grécia, Holanda, Polônia, Espanha, Suécia, Brasil, África do Sul, Coreia do Sul, e Estados Unidos.
No vídeo, eu sintetizo dados do seguinte artigo, publicado em 2020: “The ethics of genetic cognitive enhancement: Gene editing or embryo selection?”. Philosophies 2020, 5(3), 20; https://doi.org/10.3390/philosophies5030020

© Como citar esta apresentação: 

Araujo, Marcelo de, "A ética do aprimoramento cognitivo genético: Edição genética ou seleção de embriões?". 5th International Bioethics Colloquium. https://youtu.be/-EX4DGVSvZ0. PUCRS, Porto Alegre, 3 a 6 de novembro de 2020. Disponível em: (duração do vídeo 48:51).

Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). 

sábado, 14 de maio de 2022

Implicações Éticas da Autoria e Coautoria de Trabalhos Acadêmicos com Sistemas de IA (Inteligência Artificial) (vídeo, 2021)

 

Apesar de já haver muita discussão em torno das implicações éticas e jurídicas resultantes do uso de IA (inteligência artificial) em diversos segmentos da vida em sociedade, ainda há pouca discussão sobre a ética do uso de IA para a produção de trabalhos acadêmicos. 

Os textos gerados por AI não pode ser vistos como plágio porque os textos não são copiados de material já disponível online. Eles resultam da aplicação de modelos estatísticos que fazem previsões sobre qual deve ser a sequência de palavras mais provável para um determinado input, que pode ser tanto uma pergunta como uma afirmação ou comentário. 

Essa palestra resulta de minha pesquisa nesta área ainda pouco explorada em torno do debate sobre o uso ético de sistemas de AI. A palestra foi proferida por ocasião do "XXIX Congresso de Iniciação Científica da Unicamp" em 11 de novembro de 2021.

[ Palestra no Youtube ]

[ Power Point ]

© Como citar esta apresentação: 

Araujo, Marcelo de, "Implicações Éticas da Autoria e Coautoria de Trabalhos Acadêmicos com Sistemas de IA (Inteligência Artificial)". XXIX Congresso de Iniciação Científica da Unicamp. Palestra registrada em vídeo seguida de debate com Leonardo Tomazeli Duarte (Unicamp). 11 de novembro de 2021. Disponível em: https://youtu.be/37ZGz0qUiFA (duração do vídeo 1:10:35).

Esta pesquisa conta com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). 

domingo, 13 de março de 2022

What exactly “history has taught us”? Enhancing the socio-political perspective in neuroethics (artigo / 2022)

 

Este artigo foi publicado originalmente em inglês em coautoria com com Murilo Vilaça. Trecho do artigo:

"Nossa própria pesquisa histórica em arquivos de jornais brasileiros mostrou que houve uma ampla aceitação social de Pervitin (uma anfetamina) para fins de aprimoramento cognitivo no Brasil ao longo das décadas de 1940 e 1950. Os alunos compravam Pervitin na farmácia sem receita médica para se prepararem para a admissão na universidade, especialmente nas faculdades de direito e nas faculdades de engenharia, e depois, uma vez admitidos, para se prepararem para os exames. Não há registro histórico desse período, até onde pudemos rastrear nos arquivos dos jornais, sugerindo que a busca pelo aprimoramento cognitivo por meio do Pervitin era vista como uma forma de trapaça, como passou a ocorrer mais recentemente." 

"Ao longo da década de 1960, porém, à medida que os efeitos negativos da anfetamina na saúde mental e física se tornaram aparentes, as atitudes da sociedade em relação ao aprimoramento cognitivo mudaram drasticamente. Em 1963 Pervitin foi legalmente proibido no Brasil. Este foi o momento em que a percepção da sociedade sobre o aprimoramento cognitivo também mudou, pois a droga passou a ser cada vez mais associada, não à vida acadêmica, mas ao vício e à violação das leis."


© Como citar este artigo:
Araujo, M. de and Vilaça, M. (2022) ‘What Exactly “History Has Taught us”? Enhancing the Socio-Political Perspective in Neuroethics’, AJOB Neuroscience, 13(1), pp. 35–37. doi:10.1080/21507740.2021.2001086.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

The Nascent Field of Pandemic Ethics: Prevention, Mitigation, Responsibility, and Adaptation (non-peer-reviewed article / 2021)

A pandemia COVID tem levantado uma infinidade de questões éticas importantes. Algumas dizem respeito, por exemplo, ao comportamento das pessoas durante uma crise de saúde, outras dizem respeito ao comportamento dos líderes políticos, ou ao comportamento dos Estados mais ricos em relação aos Estados mais pobres na distribuição de vacinas. Outra questão importante diz respeito ao estabelecimento de prioridades durante os próximos anos, se levarmos em consideração que a recuperação desta crise se dará em meio a uma outra crise, talvez ainda mais catastrófica, que são as mudanças climáticas. 

No entanto, pouco esforço tem sido feito até agora na tentativa de se examinar todas essas questões éticas dentro da estrutura conceitual de um campo distinto de investigação filosófica, que está emergindo aos poucos, e ao qual eu me refiro neste artigo como ética pandêmica

Pandemias não são eventos isolados: elas são cíclicas. E a humanidade, em todos os níveis de agência, tem a responsabilidade moral de quebrar o ciclo das pandemias. Isso significa que muitas das mudanças sociais e avanços tecnológicos que surgem durante uma pandemia podem se tornar instrumentais para o desenvolvimento de estratégias que podem nos ajudar a prevenir futuras pandemias; e se outra pandemia surgir, temos o dever de usar as lições das pandemias passadas para enfrentar a nova pandemia. Novas instituições terão de ser criadas, como por exemplo um "Tratado Pandêmico", envolvendo todos os Estados. Mas a sociedade civil, em cada país, não pode ser excluída desse debate. 

Daí a necessidade de articularmos essa diversidade de questões morais no quadro conceitual de uma nova disciplina filosófica, que pode ser pensada como uma área própria de investigação dentro da ética aplicada

[ PDF ]

[ Europe PMC ]

[ Mendeley ]

© Como citar este artigo

Araujo, Marcelo de, "The Nascent Field of Pandemic Ethics: Prevention, Mitigation, Responsibility, and Adaptation" (December 14, 2021). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3984756 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3984756  

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

COVID Pandemic and Climate Change: An Essay on Soft Constraints and Global Risks (capítulo / 2021)

Este artigo resulta de um trabalho de cooperação com Lukas Meyer, da Universidade de Graz, Áustria. Nossa pesquisa teve como ponto de partida sua visita ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em março de 2020. A visita foi possível graças ao auxílio financeiro proporcionado pelo Programa CAPES-PrInt.

Nosso objetivo inicial era oferecer um curso sobre ética e mudanças climáticas. Mas pouco após sua chegada ao Rio de Janeiro, Lukas Meyer se viu forçado a retornar para a Áustria. Era o início da pandemia. O curso sobre ética e mudanças climáticas foi concluído via Zoom, mas percebemos também, logo no início da pandemia, que algumas questões que pretendíamos abordar em nosso curso se aplicavam também à pandemia. Como isso, demos então início a uma pesquisa sobre semelhanças e diferenças entre, de um lado, as medidas para se enfrentar as mudanças climáticas e, de outros, as medidas necessárias para se enfrentar a pandemia.

O primeiro fruto dessa pesquisa apareceu já em abril de 2020, na E-International Relations. Mas é neste capítulo da coletânea Climate Justice and Feasibility: Normative Theorizing, Feasibility Constraints, and Climate Action, organizada por Sarah Kenehan e Corey Katz, que pudemos apresentar alguns resultados mais sistemáticos de nossa investigação. 

Este capítulo tem como foco a discussão do conceito de feasibility (ou exequibilidade), que se tornou um tema bastante discutido nos últimos anos tanto na teoria política quanto no debate sobre justiça climática. Nosso objetivo consistiu em estender a discussão contemporânea sobre feasibility ao debate sobre prevenção e mitigação de pandemias.

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© Como citar este capítulo de livro:
MEYER, Lukas and ARAUJO, Marcelo de. 2021. "COVID Pandemic and climate change: An essay on soft constraints and global risks". In Climate Justice and Feasibility Moral and Practical Concerns in a Warming World. (Org.) Sarah Kenehan and Corey Katz. Lanham: Rowman & Littlefield, pp. 213-238. (ISBN 978-1-5381-5419-9).

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Machines as Writers? Algorithms in the production of literature (palestra / 2020)

Sistemas de inteligência artificial para a produção de textos, como por exemplo GPT-3, vêm se tornando cada vez mais sofisticados. Mas será que em algum momento eles poderão se passar por escritores e pesquisadores profissionais? 

Em 2020, eu discuti essa questão em duas palestras na Universidade de Graz, Áustria. A primeira palestra, sobre textos acadêmicos gerados por AI, ocorreu num mundo pré-pandemia, em janeiro de 2020, em Graz. A segunda palestra, sobre o uso de AI para a produção e análise de textos literários, ocorreu online, em dezembro de 2020.  Eu reuni aqui os slides das duas apresentações num único arquivo PPT. A primeira parte (slides 2-32) é sobre AI e textos acadêmicos, a segunda parte (slides 33-71) é sobre AI e literatura. 

Agradeço aos colegas da Universidade de Graz, Lukas Meyer, Barbara Reiter, e Anne-Kathrin Reulecke, pelo convite para as palestras e pelo excelente debate que ocorreu em seguida.

Em setembro de 2019 eu apresentei um trabalho sobre o mesmo tema no evento "Workshop Artificial Intelligence and Ethical Issues", na Universidade de Konstanz. Agradeço a Federica Basaglia pelo convite. 

No mês seguinte, em outubro de 2019, eu retornei ao tema no programa de mestrado internacional EELP - Ethics, Economics, Law And Politics da Universidade de Bochum com a palestra, "Robot as Co-Author. Ethical Implications from the Use of AI for the Generation of Academic Texts"

[ PPT ]

© Como citar este artigo: 
ARAUJO, Marcelo de. 2021. "Machines as Writers? Algorithms in the production of literature". Slides para apresentação na Universidade de Graz, 22 de janeiro de 2020 (Parte 1) e 9 de dezembro de 2020 (Parte 2). DOI 10.13140/RG.2.2.18050.09922.  

O tema das palestras foi também abordados no livro Novas Tecnologias e Dilemas Éticos