Para muitas pessoas, a pandemia de COVID pode ter parecido um evento imprevisível, que pegou o mundo de surpresa. No entanto, ao longo dos 20 anos que precederam a pandemia de COVID, vários documentos já alertavam para o aumento da ocorrência de novos surtos de doenças com potencial pandêmico, bem como para a falta de políticas correspondentes para promover medidas de preparação e resposta a pandemias. Neste levantamento, esses documentos são denominados “sinais de alerta” (ou “early warnings”).
Fizemos um levantamento de 100 “sinais de alerta”, publicados entre 1999 e 2019. Nossa hipótese é que a discussão e divulgação desses “sinais de alerta” pode contribuir para a promoção e disseminação de políticas públicas para fins de preparação e resposta a pandemias, tanto a nível internacional quanto a nível local. Nossa proposta difere de outras abordagens na medida em que ela chama atenção para a relevância da literatura publicada antes da emergência da pandemia de COVID.
No entanto, ao contrário do que se poderia supor, os “sinais de alerta” não se tornaram obsoletos após a emergência da pandemia de COVID, pois as condições que permitiram a emergência da pandemia, descritas nos “sinais de alerta”, permanecem não apenas vigentes, mas parecem mesmo ter se agravado nos últimos anos. Embora a Organização Mundial de Saúde tenha decretado o fim da pandemia de COVID em maio de 2023, as condições para a emergência de novas pandemias não foram eliminadas. Daí a importância da disseminação pública de informações baseadas em evidências científicas acerca da alta probabilidade de emergência de novas pandemias no futuro.
Esta pesquisa contou com recursos do CNPq e da FAPERJ, tendo sido realizada em conjunto com Daniel de Vasconcelos Costa (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
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