domingo, 20 de julho de 2014

Moral enhancement and political realism (2014)

Resumo: Em função de alguns avanços no âmbito da neurociência, cada vez mais indivíduos têm feito uso de certas drogas com o objetivo de melhorarem seus desempenhos em diversos tipos de atividades humanas. Quando essas drogas são utilizadas para que um indivíduo possa ter o mesmo desempenho que outros indivíduos saudáveis têm, falamos em "terapia" ou "tratamento". Mas quando indivíduos saudáveis buscam determinadas drogas com o objetivo, não de tratarem uma anomalia, mas de elevarem seu desempenho a um nível superior ao nível considerado normal, falamos então em "aperfeiçoamento" ou "aprimoramento" (enhancement em inglês). Nos esportes, o uso de drogas para "aprimoramento" é bastante difundido. Mas cada vez mais pessoas têm recorrido a drogas com o objetivo de buscarem também "aprimoramento cognitivo" (cognitive enhancement em inglês). O uso de drogas para fins de "aprimoramento", por oposição à "terapia", suscita evidentemente uma série de questões morais, e já existe mesmo uma ampla literatura filosófica que trata da ética do aprimoramento cognitivo.

Mas imaginemos agora, apenas a título de hipótese, que pudéssemos também melhorar o "desempenho moral" das pessoas por meio de drogas. Haveria algum bom argumento contra o "aprimoramento moral" (moral enhancement) de seres humanos? O mundo não seria melhor se pudéssemos modificar as motivações morais dos indivíduos para que eles se tornassem mais cooperativos, solidários, empáticos, menos agressivos, menos egoístas, etc.? Tem havido contemporaneamente um amplo debate sobre a moralidade do "aprimoramento moral". Alguns autores chegam mesmo a propor o "aprimoramento moral" de seres humanos com o objetivo de prevenir guerras catastróficas no futuro.

Este artigo procura mostrar que mesmo que admitíssemos que o "aprimoramento moral" possa se tornar viável e seguro no futuro, o "aprimoramento moral" não seria capaz de resolver questões de justiça no âmbito das relações internacionais. O artigo retoma uma distinção entre "realismo de natureza humana" e "realismo estrutural" com o objetivo de chamar atenção para os limites políticos do "aprimoramento moral".

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© Como citar este artigo:
ARAUJO, Marcelo de: "Moral enhancement and political realism". In: Journal of Evolution and Technology. 2014, vol. 24, n. 2, p. 29-43.