Em 2015, uma equipe de cientistas usou uma nova técnica de edição de genes chamada CRISPR-Cas9 para editar o genoma de 86 embriões humanos não-viáveis. O experimento provocou um debate mundial sobre a ética da edição genômica.
Neste artigo, eu discuto inicialmente as principais questões éticas que foram abordadas nesse debate. Embora já exista um consenso emergente de que a pesquisa sobre a edição de células somáticas humanas para fins terapêuticos deve ser levada adiante, a perspectiva de usarmos edição genômica no futuro com o propósito de "aprimoramento humano" (human enhancement) tem sido bastante criticada.
A principal tese que defendo neste artigo é que algumas das objeções recentemente levantadas contra a realização de aprimoramento genético no futuro não são justificadas. Apresento dois argumentos para a moralidade do aprimoramento genético. O primeiro argumento procura mostrar que o quadro conceitual com base no qual já avaliamos a moralidade e a legalidade de nossos "direitos de reprodução", especialmente no contexto dos procedimentos de IVF (fertilização in vitro), poderia ser utilizado na avaliação da moralidade e legalidade do aprimoramento genético. O segundo argumento coloca em questão a suposição de que o nível médio de desempenho cognitivo humano tenha um caráter normativo.
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© Como citar este artigo:
ARAUJO, Marcelo de. 2017. "Editing the genome of human beings CRISPR-Cas9 and the ethics of genetic enhancemen". In: Journal of Evolution and Technology. vol. 27, n. 1, p. 24-42.