Alcino Bonella tem um programa chamado “Quem sabe faz a hora”, na Rádio Universitária Uberlândia FM. O programa trata de questões éticas atuais. A convite do Alcino, eu falei na rádio esta semana sobre a ética da edição genômica.
O uso de uma nova tecnologia para se "editar" o código genético de organismo vivos vem causando uma revolução na medicina, na biotecnologia, e na agropecuária. A ferramenta se chama CRISPR-Cas9. Essa nova tecnologia já foi usada, por exemplo, na produção de novas sementes de arroz e de batata, mais resistentes a pragas. CRISPR-Cas9 já foi usado também para a criação de mosquitos que não transmitem dengue e zika. Há também a expectativa de que CRISPR-Cas9 possa um dia levar à cura da AIDS e à erradicação de vários tipos de câncer e doenças hereditárias.
O problema, porém, é que que CRISPR-Cas9, em princípio, poderia ser usado também para outros fins como, por exemplo, modificar o genoma da varíola bovina com o objetivo de se recriar o agente patogênico que causa a varíola, erradicada no século XX. Ou seja: CRISPR-Cas9 poderia ser usado na produção de armas biológicas assustadoras.
Além disso, CRISPR-Cas9 poderia ser usado também, no futuro, para a modificação genética de embriões humanos que teriam características "melhoradas", ou seja embriões manipulados geneticamente com vistas à geração de crianças mais inteligentes, mais fortes, etc. Mas isso seria desejável, ou moralmente aceitável?
O debate sobre a ética da edição genômica está apenas começando.
[ áudio ]
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[ site do programa ]
ARAUJO, Marcelo de. 2017. "A ética da edição genômica em debate". In: Quem sabe faz a hora. Rádio Universitária Uberlândia FM (107,5 MHz). Apresentação de Alcino Bonella. Uberlândia, 27 de julho (Parte 1) e 3 de agosto (Parte 2). DOI: 10.13140/RG.2.2.25592.75524.
Este texto está também disponível no Research Gate.
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