A suposição de que conflitos políticos decorrem do caráter egoísta da natureza humana é uma ideia bastante antiga. Essa ideia perpassa a obra de autores tão diversos como, por exemplo, Maquiavel, Thomas Hobbes, Sigmund Freud, e Hans Morgenthau. Essa tese foi também recentemente retomada no debate sobre o bioaprimoramento moral.
Os defensores do bioaprimoramento moral sustentam duas teses: [1] A biotecnologia poderia ser utilizada para modificar a natureza humana, tornando as pessoas mais cooperativas e menos egoístas; e [2] Um incremento da disposição para a cooperação social, para a benevolência e para a empatia reduziria a ocorrência de conflitos políticos violentos na arena internacional.
Neste artigo, eu proponho que a primeira tese pode até ser verdadeira, mas disso não se segue que conflitos políticos na arena internacional possam ser contornados por meio da biotecnologia. A tese que defendo é que o bioaprimoramento moral da humanidade não reduziria a probabilidade de que ocorram guerras nucleares, bioterrorismo, ou cyber-attacks no futuro.
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ARAUJO, Marcelo de. 2017. "Redesenhando a natureza humana: Bio-aprimoramento moral e a busca pela resolução de conflitos políticos". In: Filosofia Unisinos, vol. 17(3):374-383, sep/dec 2016. DOI: doi: 10.4013/fsu.2016.173.16.