O uso de medicamentos para melhorar o desempenho de atletas
durante competições esportivas é bastante conhecido. Quando algum atleta de
renome é flagrado no exame antidoping, e posteriormente suspenso, esse tipo de
prática acaba se tornando manchete nos jornais. Mas o uso de medicamentos com o
objetivo de melhorar nosso desempenho cognitivo talvez seja menos divulgado na
imprensa. Em muitas universidades, estudantes e cientistas vêm fazendo uso
crescente de medicamentos com o objetivo de se concentrar melhor em suas
pesquisas, ou de se preparar para exames.
O uso de medicamentos para melhorar nosso desempenho cognitivo
suscita uma avalanche de questões jurídicas, morais, e científicas: o direito
deve proibir esse tipo de prática no âmbito da vida em sociedade da mesma forma
que ela é proibida nos campos de futebol? É moralmente aceitável que um
estudante obtenha uma nota superior à nota de outros estudantes porque ele ou
ela fez uso de algum tipo de medicamento para incrementar sua capacidade
cognitiva durante os estudos? Até que ponto o uso de medicamentos para aumentar
nosso desempenho cognitivo pode, de fato, ser considerado eficaz e seguro?
Essas são algumas questões de que venho ocupando em minha
pesquisa filosófica recente. Tive a oportunidade de discutir esses problemas com
diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros no "Humboldt Colloquium:
Research Excellence in a Globalised World -Experiences and Challenges from a
Brazilian-German Perspective", em São Paulo, entre os dias 26 e 28 de
fevereiro de 2015.
[ PDF ]
© Como citar este artigo:
ARAUJO, Marcelo de: "The morality of "smart drugs": should cognitive enhancement be prohibited, allowed, or required?". In: Humboldt Colloquium: Research Excellence in a Globalised World - Experiences and Challenges from a Brazilian-German Perspective. São Paulo: Humboldt Foundation, 2015, p. 32-33.