Resumo: O contratualismo moral (CM) é um tipo de teoria moral que toma como pressuposta uma concepção de racionalidade prática compreendida em termos de maximização da utilidade. Uma escolha é racional na medida em que ela contribui para a maximização dos interesses ou preferências de um indivíduo. Contudo, para o CM, uma escolha racional não visa à realização de uma “ação” específica, mas a uma “disposição” em função da qual escolhas ulteriores serão realizadas. Um dos principais objetivos do CM moral é mostrar que, por uma questão de maximização da utilidade, seria racional “escolher” ser movido por um tipo de disposição que leva o indivíduo a restringir a maximização irrestrita do próprio interesse de modo a poder acomodar os interesses de outros indivíduos. No entanto, uma objeção com a qual o CM tem de lidar é a seguinte: como é possível fazermos uma “escolha” por um tipo de disposição? É possível realizarmos uma ação moral específica como, por exemplo, salvar uma criança se afogando. Mas não é claro como seria possível escolher se tornar uma pessoa moral, i.e. um tipo de pessoa disposta, por exemplo, a arriscar a própria vida para salvar uma criança em uma situação de perigo. Minha intenção é apresentar uma versão do CM capaz de dar uma resposta satisfatória a esse problema. Minha hipótese é que a “escolha” por um tipo de disposição deve ser compreendida em termos de um “endosso” e “apoio” às instituições que permitem, no indivíduo, a emergência de disposições morais.
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ARAUJO, Marcelo de: "Contratualismo moral, disposições morais, e escolhas racionais". In: Livro de Atas do XIII Encontro Nacional da ANPOF, Canela, 2008, p. 445.