"A tecnologia orientada por Inteligência Artificial (IA), entendida como a capacidade de um sistema – como um software ou incorporada em um aparelho – para executar tarefas comumente associadas a seres inteligentes, já é uma constante em nossas vidas, seja pelas recorrentes recomendações de filmes que recebemos pelos serviços de streaming, tal como Netflix e Amazon Prime, seja pelos filtros de e-mails que usamos, ou pela utilização de algum aplicativo de navegação por GPS, como o Waze, e ela não parece problemática em muitas áreas. Ao contrário, ela parece facilitar nossa vida.
Entretanto, esta tecnologia está se estendendo progressivamente para certos domínios nos quais, provavelmente, terá um impacto maior, assim como decidir em circunstâncias de risco, estabelecer prioridades entre pessoas e fazer julgamentos complexos e, portanto, terá que tomar decisões que já se enquadram no domínio moral. Por isso, parece importante pensar sobre os algoritmos que alimentam esses produtos. Os carros autônomos, por exemplo, precisarão tomar decisões sobre como distribuir o risco entre os passageiros, pedestres e ciclistas, isto é, entre os que utilizam as vias públicas. As armas autônomas letais, terão que identificar e selecionar os alvos humanos que serão eliminados. Por sua vez, algoritmos que já estão em uso no sistema de saúde e judiciário em alguns países, estabelecem a prioridade de quem receberá um transplante de órgão, bem como aconselham os juízes sobre quem deve obter liberdade condicional ou uma sentença maior de prisão."
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© Como citar este artigo:
Coitinho, Denis; Araujo, Marcelo de. 2024. "Apresentação do Dossiê Ética da Inteligência Artificial". Filosofia Unisinos 25 (1): 1–3. https://doi.org/10.4013/fsu.2024.251.ia.