O césio-137 e o coronavírus estão no epicentro das piores crises na área de saúde pública pelas quais já passou o Brasil. O primeiro causou, em 1987, em Goiânia, o maior desastre radiológico de que se tem notícia até hoje; o segundo, só em 2020, custou a vida de quase 200 mil brasileiros e brasileiras.
Mas a despeito de todas as semelhanças entre uma catástrofe e a outra, parece não ter havido muita discussão sobre como a experiência adquirida na gestão da primeira crise poderia ser relevante para a elaboração de estratégias eficazes para a gestão da segunda, inclusive com vistas à elaboração de medidas para prevenir futuras crises semelhantes na área da saúde. A comparação entre uma crise e a outra, como pretendo mostrar aqui, é bastante significativa no que concerne à quantidade de semelhanças relevantes.
© Como citar este capítulo de livro:
Araujo, Marcelo de (2022) "Césio-137, Coronavírus, e a perspectiva das vítimas: Uma comparação sistemática entre duas crises que abalaram o sistema de saúde pública no Brasil (1987 e 2020)". In Biodireito e Direitos Humanos. Loureiro, Claudia; Garcia, Maria (org.). Curitiba: Instituto Memória, pp. 235-258. (ISBN: 978-85-5523-455-2).
Quadro sinóptico com relações de parentesco entre as principais vítimas do acidente.
Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa).